A Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (RENAP) e a Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais da Bahia (AATR) vêm a público manifestar seu repúdio e se solidarizar com as mais de 650 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) dos acampamentos Abril Vermelho, Irmã Dorothy e Iranir de Souza, nos municípios de Casa Nova e Juazeiro, no Norte da Bahia, que na madrugada da última segunda-feira (25) foram despejadas sob a truculência de agentes da Polícia Federal, da Polícia Militar e milícias armadas da região.
Na ação, foram utilizadas bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e balas de borracha contra as famílias acampadas, e o trabalhador Laurindo Pereira da Silva foi atingido na cabeça por um tiro de bala de borracha.
A área de 1.700 hectares pertence a projetos de irrigação da região e estava sendo ocupada desde 2007 mediante acordo entre governos federal e estadual, Ouvidoria Agrária, Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e Ministério Público Federal.
De acordo com o MST na Bahia, as famílias acampadas produziam na área mais de 7 toneladas de alimentos por ano, entre eles, cebola, feijão, milho, tomate, pimentão, melão, mandioca, melancia, cenoura, abóbora, banana e também criavam aves e animais de pequeno e grande porte, movimentando a economia da região e gerando renda para cerca de 5 mil trabalhadores, direta e indiretamente.
A violência do Estado também prejudicou o processo educacional de mais de 300 crianças, com idade escolar entre 6 e 12 anos, além de jovens e adultos que estudavam nas escolas dos acampamentos, as quais também foram destruídas durante a ação de despejo.
Repudiamos a violência do Estado brasileiro contra os movimentos sociais e sua total conivência com as disputas do latifúndio, que visam enfraquecer a produção dessas famílias na região do Baixo São Francisco e denunciamos a paralisação da Reforma Agrária por determinação do Governo Federal, ao tempo que cobramos um posicionamento do Governo Estadual acerca do acordo quebrado e da necessária reparação das famílias Sem Terra ante tamanha violência e desumanidade contra elas cometidas.
Foto: retirada da página do MST/BA.
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